Para
compreendermos plenamente a riqueza e a profundidade dos Evangelhos, é
fundamental nos determos um pouco no contexto histórico, político e cultural em
que foram concebidos. Nos meandros da Palestina do primeiro século, um cenário
intrincado se desdobra, carregado de significados religiosos e sociais que
ecoam nas páginas dos Evangelhos. Nessa jornada de compreensão, somos
convidados a explorar as diversas influências judaicas e helenísticas que
moldaram as narrativas desses textos, bem como a pressão exercida pela presença
do dominador romano nesse mesmo contexto.
Ao
olharmos para a Palestina da época de Jesus, encontramos uma terra mergulhada
em efervescência religiosa e tensões políticas. A presença do judaísmo, tanto
em suas formas ortodoxas quanto em seus diversos movimentos e seitas, delineava
o horizonte espiritual do povo. Por outro lado, a influência helenística,
proveniente da cultura grega que permeava o mundo mediterrâneo, também deixava
sua marca, especialmente nas cidades cosmopolitas como Jerusalém.
Referências
históricas, como os escritos de Flávio Josefo e as descobertas arqueológicas,
nos fornecem um panorama vibrante desse contexto. A vida cotidiana na Palestina
do primeiro século, seus costumes, suas práticas religiosas e suas relações
sociais, ganham vida através de obras como "Jesus e Seu Tempo: A Palestina
na Época de Jesus", de Richard A. Horsley, e "A Vida Diária nos
Tempos de Jesus", de Henri Daniel-Rops, entre outros[1].
I. Cenário
geopolítico
A
Palestina nos tempos de Jesus era uma região marcada por uma complexa teia de influências
políticas. Sob o domínio do Império Romano[2],
a região estava dividida em várias províncias, cada uma com suas próprias
dinâmicas e desafios.
Província
da Judeia
Esta
província era o centro religioso e político da região, com Jerusalém como sua
capital. A Judeia era de grande importância para os judeus, pois abrigava o
Templo de Jerusalém, o principal local de culto e peregrinação. Politicamente,
a Judeia era frequentemente palco de tumultos e revoltas devido à forte
resistência judaica ao domínio romano.
Província
da Galileia
Localizada
ao norte da Judeia, a Galileia era uma região agrícola próspera, com uma
população diversificada de judeus e gentios. Embora não fosse tão central
quanto a Judeia, a Galileia tinha sua própria importância política e econômica.
Foi lá que Jesus passou a maior parte de sua vida e ministério, e muitos de
seus discípulos eram originários dessa região.
Província
da Samaria
Situada
entre a Judeia e a Galileia, a Samaria era habitada principalmente por
samaritanos, um grupo étnico e religioso distinto dos judeus. Devido a
diferenças religiosas e étnicas, havia tensões entre judeus e samaritanos.
Politicamente, a Samaria era estrategicamente importante como uma área de
passagem entre o sul e o norte da Palestina.
Província
da Pereia
Localizada
a leste do Jordão, essa região fazia fronteira entre a Palestina e o território
nabateu. Embora menos mencionada nos relatos do Novo Testamento, a Pereia tinha
sua própria importância política e econômica, com cidades como Jericó e Pela.
Além
dessas províncias principais, havia outras regiões menores e cidades
importantes na Palestina, cada uma contribuindo de alguma forma para o cenário
político da época. O controle romano sobre essas províncias e regiões era
mantido por meio de governadores e autoridades locais, o que muitas vezes
levava a conflitos e instabilidade política.
Domínio
Romano
O
domínio romano sobre a Palestina foi estabelecido após a conquista de Pompeu[3]
em 63 a.C., tornando-a uma província imperial sob o controle direto de Roma. Os
romanos nomearam procuradores ou prefeitos para administrar a região, incluindo
a Judeia, onde Jerusalém estava localizada. Esses governadores romanos tinham
autoridade sobre assuntos administrativos e militares, embora estivessem
subordinados ao governador da Síria em questões de maior importância.
Herodes,
a Dinastia e o Império
Durante
grande parte do período do Novo Testamento, a Palestina era governada pela
dinastia herodiana, liderada por Herodes, o Grande, e seus descendentes.
Herodes foi nomeado rei da Judeia pelos romanos em 37 a.C.[4]
e governou com mão de ferro até sua morte em 4 a.C. Apesar de suas habilidades
políticas e das impressionantes obras que construiu, como o Templo de
Jerusalém, ele também era conhecido por sua crueldade e paranoia.
Após
a morte de Herodes, seus filhos dividiram o reino entre si[5],
criando uma série de tetrarquias que governavam diferentes partes da Palestina.
Isso resultou em uma complexa teia de lealdades e rivalidades que contribuíram
para a instabilidade política na região.
Durante
todo o período herodiano, tal governo coexistia com o poder do Império Romano,
embora o controle final permanecesse nas mãos dos romanos. Essa convivência
aparentemente harmônica seguia uma dinâmica delicada, na qual Herodes e seus
descendentes mantinham uma relação de conveniente subserviência a Roma,
buscando manter a ordem e a legalidade na Judeia.
Herodes,
embora fosse um monarca local, devia sua posição e autoridade ao Império
Romano, que mantinha o poder de destituí-lo do cargo se desafiasse sua
autoridade. Seu poder, portanto, era limitado e sujeito à supervisão e controle
de Roma, especialmente em questões militares.
Além
disso, Herodes e seus descendentes tinham o dever de manter relações
diplomáticas com Roma, e somente através dela. Tinha que enviar tributos e
relatórios regulares, garantir a estabilidade e a ordem em sua província e
reprimir rebeliões para assegurar a lealdade de seus súditos. Tudo isso ajudava
na manutenção de sua posição de rei da Judeia.
Para
manter seu poder e legitimidade entre seu próprio povo e mantê-los sob controle,
Herodes investiu em construções impressionantes, como o Templo de Jerusalém.
Sua política de tolerância religiosa também ajudou a garantir a estabilidade
interna, permitindo-lhe o apoio de várias comunidades religiosas em sua
província, incluindo judeus, samaritanos e gregos, e evitando conflitos que
pudessem chamar a atenção de Roma.
II. Cenário
sociocultural e religioso
Não
bastasse o domínio romano para complicar a vida na região, a Palestina estava
dividida por questões étnicas, religiosas e sociais, com tensões frequentes
entre judeus e samaritanos[6],
bem como entre judeus e outros grupos étnicos como gregos e os próprios
dominadores romanos. Nesse contexto, a hierarquia social era rígida, com uma
elite governante composta por nobres e sacerdotes, enquanto a maioria da
população vivia em condições de pobreza e opressão. Este período foi marcado
por uma rica diversidade cultural, que incluía elementos judaicos, helenísticos
e romanos, todos eles influenciando profundamente a vida e as crenças das
pessoas na região.
O
contexto sociocultural da Palestina daqueles tempos, portanto, era impressionantemente
complexo. Diante da dominação romana, os judeus enfrentavam uma variedade de
perspectivas sobre como lidar com essa realidade. Enquanto alguns, como os
fariseus[7],
buscavam preservar a identidade religiosa e cultural judaica, enfatizando a
observância da Lei e a separação dos gentios, outros, como os saduceus[8],
colaboravam com o governo romano em troca de poder e privilégios. Além disso,
havia grupos dissidentes, como os zelotes[9],
que pregavam a resistência armada contra os romanos em busca da libertação
política da Palestina, criando assim um clima de tensão e instabilidade na
região. Entre os grupos de maior relevância havia ainda os chamados essênios[10],
que...
Religiosamente,
o judaísmo exercia uma influência significativa sobre a vida cotidiana das
pessoas. Baseado na Torá[11],
ou Lei de Moisés, os judeus seguiam uma série de práticas religiosas, como a
observância do sábado e as festas religiosas, com o Templo de Jerusalém sendo o
epicentro da vida religiosa. A diversidade de grupos religiosos dentro do próprio
judaísmo, como os que vimos acima, promovia razoável tensão no convívio de
diferentes interpretações da Lei e suas práticas e aplicações.
As
expectativas messiânicas entre os judeus eram crescentes, com muitos aguardando
um Messias[12]
que libertaria Israel do domínio romano e estabeleceria o reino de Deus na
terra. Essas expectativas escatológicas influenciaram a recepção de Jesus como
Messias e suas interpretações de sua missão e ensinamentos. Todo esse contexto
religioso, cultural e político é essencial para compreendermos plenamente o
ambiente em que Jesus viveu e ministrou, pois fornece valiosa contribuição
sobre as dinâmicas sociais e religiosas da Palestina nos tempos do Novo
Testamento.
Avaliando
os complexos cenários que apresentamos, podemos compreender como eram inevitáveis
as tensões daquela época. Tal realidade moldou profundamente as interações e
reações à mensagem e pregação do Senhor. Em um contexto onde a insatisfação com
a dominação romana se misturava com as diversas facções religiosas judaicas e
as influências culturais helenísticas, os ânimos estavam vulneráveis a qualquer
movimento que desafiasse o status quo
estabelecido pelo poder local e romano. Assim, a figura de Jesus surge não
apenas como a de um pregador carismático, mas também como alguém que incitou
debates, provocou conflitos e promoveu reações que ameaçaram a Pax Romana[13]
e a conveniente posição social das elites judaicas da época. Isso explica em
parte a imensa mobilização que se empreendeu contra ele. Não obstante, esse
mesmo cenário contribuiu para que sua pregação se perpetuasse pela história até
os nossos dias.
[1]
Além das obras já mencionadas, existem várias outras que podem enriquecer a pesquisa
sobre o contexto histórico, cultural e religioso da Palestina nos tempos do
Novo Testamento.
1.
"O Judaísmo nos Tempos de Jesus: História
Política e Social dos Judeus", de Hyam Maccoby - Oferece uma visão
abrangente do judaísmo na época de Jesus, incluindo aspectos políticos, sociais
e religiosos.
2.
"Vida e Época de Jesus, o Messias", de
Alfred Edersheim - Um estudo detalhado sobre a vida e o tempo de Jesus,
explorando o contexto histórico, cultural e religioso em que ele viveu.
3.
"O Mundo do Novo Testamento: Compreendendo
o Contexto do Texto Bíblico", de Joel B. Green e Lee Martin McDonald -
Apresenta uma visão geral do mundo do Novo Testamento, incluindo questões
históricas, culturais, sociais e religiosas.
4.
"O Judaísmo da Época de Jesus: Uma
Introdução Histórica", de Emil Schürer - Uma obra clássica que examina o
judaísmo durante o período do Segundo Templo, fornecendo insights valiosos
sobre o contexto religioso e cultural da Palestina.
5.
"O Contexto Social do Novo Testamento: Uma
Introdução aos Textos e Culturas Judaica e Greco-Romana", de Richard E.
DeMaris - Oferece uma análise abrangente do contexto social do Novo Testamento,
incluindo informações sobre a Palestina e suas influências culturais.
6.
"Judeus e Cristãos na Palestina do Século
I: Um Estudo de Interação Social", de Anthony J. Saldarini - Explora as
relações entre judeus e cristãos na Palestina do primeiro século, destacando os
contextos sociais e culturais em que essas interações ocorreram.
7.
"Jesus e a História", de Martin Hengel
- Oferece uma perspectiva histórica sobre a vida de Jesus e seu contexto,
examinando as fontes históricas e os eventos políticos e sociais da época.
[2]
O Império Romano foi uma das maiores e mais influentes civilizações da
história, centrada na cidade de Roma, na península Itálica. Surgiu após a
expansão do Reino de Roma, transformando-se de uma república em um império no
século I a.C., sob o governo de Júlio César e, posteriormente, Augusto.
O império durou
aproximadamente 500 anos, desde o estabelecimento do Principado por Augusto em
27 a.C. até a queda de Roma em 476 d.C., marcando o fim do período conhecido
como Antiguidade Clássica.
Durante seu auge, o Império
Romano se estendeu por vastas áreas da Europa, Norte da África e Ásia
Ocidental, abrangendo cerca de 50 a 70 milhões de pessoas. Incluía territórios
que hoje correspondem a vários países, como Itália, Espanha, França, Grécia,
Egito, Turquia, entre outros.
O legado deixado pelo
Império Romano é vasto e influenciou profundamente a civilização ocidental.
Contribuições notáveis incluem a lei romana, que serviu de base para os
sistemas jurídicos modernos; a arquitetura, com obras como aquedutos, estradas,
pontes e o Coliseu; o latim, que deu origem às línguas românicas, como o
português, espanhol, francês, italiano e romeno; e avanços significativos em
engenharia, filosofia, literatura e arte. Além disso, o legado cultural e
político de Roma continuou a influenciar governos, instituições e sociedades ao
longo da história.
[3]
Pompeu foi um general e político romano que desempenhou um papel significativo
na história do Império Romano. Em 63 a.C., ele conquistou a Palestina,
tornando-a uma província romana após uma campanha militar bem-sucedida. A
conquista de Pompeu marcou o início do domínio romano sobre a região. Além da
Palestina, Pompeu anexou várias outras regiões ao Império Romano durante suas
campanhas militares. Alguns dos territórios mais significativos conquistados
por Pompeu incluem a Síria, a Judeia, a Transjordânia, a Fenícia e a região da
Cilícia. Essas conquistas ampliaram consideravelmente a extensão do Império
Romano no Oriente Médio e no Mediterrâneo Oriental.
[4]
A motivação para nomear Herodes como rei foi principalmente política e
estratégica. Após a morte de Antígono, o último rei hasmoneu da Judeia, Herodes
aproveitou a oportunidade para conquistar o poder na região. Ele se aliou ao
general romano Marco Antônio, que estava envolvido em uma disputa pelo controle
do Império Romano após a morte de Júlio César, e foi posteriormente confirmado
como rei. Os romanos viam em Herodes um aliado confiável que poderia manter a
ordem na região e garantir a lealdade dos judeus. Além disso, Herodes
demonstrou sua capacidade de governar eficazmente durante seu reinado,
especialmente em termos de administração e construção de projetos monumentais,
como o Templo de Jerusalém.
Herodes não tinha qualquer
ascendência genealógica puramente judaica, que justificasse sua pretensão ao
reinado da Judeia. Ele era descendente de uma família idumeia, que havia se
convertido ao judaísmo algumas gerações antes. No entanto, Herodes buscou
legitimar seu governo através de alianças políticas com os romanos e da
promoção de sua própria imagem como protetor e defensor dos interesses
judaicos. Embora sua legitimidade fosse contestada por alguns grupos judaicos,
Herodes conseguiu manter-se no poder com o apoio romano e suas próprias
habilidades políticas.
[5]
Após a morte de Herodes, o Grande, em 4 a.C., seu reino da Judeia foi dividido
em quatro tetrarquias, cada uma governada por um de seus filhos. As tetrarquias
eram:
1.
Galileia, governada por Herodes Antipas.
2.
Itureia e Traconites, governada por Filipe, o
filho de Herodes, o Grande, com Cleópatra de Jerusalém.
3.
Judeia e Samaria, governada por Arquelau, outro
filho de Herodes, o Grande.
[6]
A tensão étnica entre judeus e samaritanos remonta a disputas históricas e
religiosas. Os samaritanos eram considerados uma população mista, descendentes
de judeus remanescentes e povos estrangeiros trazidos para a região após o
exílio babilônico. Eles mantinham suas próprias tradições religiosas e um
templo em Monte Gerizim, desafiando a centralidade do Templo de Jerusalém para
os judeus. Além disso, havia diferenças culturais e políticas, exacerbadas pela
rejeição dos judeus em aceitar a identidade samaritana como parte integrante do
povo eleito. Essas tensões resultaram em hostilidades mútuas e segregação
social entre as duas comunidades.
[7]
Os fariseus eram um grupo judaico devoto que enfatizava a observância estrita
da Lei e das tradições religiosas, buscando a pureza ritual e a separação dos
gentios. Acreditavam na ressurreição dos mortos e na existência de anjos e
espíritos. Esperavam um Messias que restaurasse a pureza religiosa e a
observância da Lei.
[8]
Os saduceus eram uma facção aristocrática e sacerdotal do judaísmo que
rejeitava a crença na ressurreição, nos anjos e nos espíritos. Tinham uma
relação pragmática com o governo romano e concentravam-se no Templo e no culto
sacrificial. Não tinham expectativas messiânicas claras, focando mais nos
assuntos políticos e religiosos do presente.
[9]
Os zelotes eram um grupo radical que advogava a resistência armada contra o
domínio romano, buscando a libertação política de Israel. Acreditavam em um
Messias guerreiro que lideraria a revolta contra os ocupantes estrangeiros e
estabeleceria o reino de Deus na terra.
[10]
Os essênios eram uma comunidade judaica ascética e separatista, que vivia uma
vida comunitária rigorosa e se afastava das instituições religiosas do templo
em Jerusalém. Tinham uma visão apocalíptica do mundo, aguardando um Messias e
um juízo final que purificaria a terra do mal e inauguraria uma era de justiça
divina.
[11]
A Torá é a lei escrita do judaísmo, composta pelos cinco primeiros livros da
Bíblia hebraica: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Nos tempos
de Jesus, a Torá desempenhava um papel central na vida religiosa e cultural do
povo judeu, servindo como um guia moral e legal para sua conduta individual e
comunitária. Era estudada, interpretada e aplicada pelos líderes religiosos e
pelos judeus devotos em suas práticas diárias, incluindo observâncias rituais,
festivais religiosos e sacrifícios no Templo de Jerusalém. Atualmente, a Torá
continua sendo uma autoridade religiosa fundamental para os judeus, que a
consideram como a palavra revelada de Deus e a base de sua identidade religiosa
e étnica. É lida regularmente nas sinagogas, estudada em profundidade nas
escolas judaicas e guiadora da vida moral e espiritual dos praticantes do
judaísmo.
[12]
A Torá, em um sentido mais amplo, refere-se aos cinco primeiros livros da Bíblia
hebraica: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. No entanto, em um
sentido mais amplo, a Torá pode incluir também os escritos proféticos,
conhecidos como Nevi'im, e os escritos sapienciais e poéticos, conhecidos como
Ketuvim. Juntos, esses três componentes formam o Tanakh, a Bíblia hebraica.
[13]
A Pax Romana, ou "Paz
Romana", foi um período de relativa paz e estabilidade que se estendeu
aproximadamente do final do século I a.C. até o século II d.C. Durante esse
tempo, o Império Romano conseguiu controlar vastas áreas de território,
promovendo um ambiente de segurança que facilitou o comércio, a comunicação e o
desenvolvimento cultural. Essa paz foi mantida através do controle militar
romano e do estabelecimento de leis e infraestrutura que promoviam a ordem e a
coesão dentro do império.